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Ingleses querem acabar com apertos de mãos antes dos jogos

Na véspera da estreia dos clubes ingleses na Liga dos Campeões, o assunto do momento no futebol inglês não poderia ser mais distinto: a recusa de Anton Ferdinand em cumprimentar John Terry antes do empate sem gols entre Chelsea e QPR continua dominando as notícias na Terra da Rainha. Acusado de racismo pelo irmão de Rio Ferdinand, o capitão dos Blues foi inocentado na Justiça comum, mas foi julgado pelos próprios atletas dos Rangers. Além de Ferdinand, Park também se recusou a apertar a mão do zagueiro.

Essa é apenas mais uma na lista de "esnobadas", que cresce a cada polêmica. Na última temporada, o atacante Suárez se irritou ao ser acusado por Evra de racismo e se recusou a cumprimentar o francês antes de um jogo entre Liverpool e Manchester United. Na próxima semana, as equipes - e provavelmente os atletas - voltam a se encontrar e ex-atletas, jornalistas e técnicos são quase unânimes na decisão de se abolir o protocolo.

Para John Edwards, editor do "Daily Mail", não há motivos para que os cumprimentos pré-jogo continuem:

 - Não há razão lógica para se manter esse tipo de protocolo. A Premier League fica exposta a certos tipos de situações constrangedoras. A banalização desse tipo de comportamento pode levar, inclusive, a pequenos desentendimentos, que podem se transformar em algo maior durante o jogo.

O técnico do QPR, Mark Hughes, declarou após o jogo que irá lutar pelo fim do protocolo:

- Esse elemento das campanhas por respeito causa mais problemas do que os soluciona e tenho certeza que essa não era a intenção quando o aperto de mãos foi introduzido. Se acho que os cumprimentos pré-jogo devem seguir? Claro que não.

Terry é ignorado por Ferdinand antes do jogo QPR e Chelsea

Jogador da Premier League, o atacante brasileiro Guly do Prado, do Southampton, preferiu não opinar em relação ao fim dos apertos de mãos, mas admitiu que, caso fosse vítima de racismo, não saberia como proceder:

- Não posso falar do que não sei. Prefiro não comentar se acho que o fim do aperto de mãos é bom ou não. Se fosse vítima de racismo, não sei como reagiria, então não posso julgar o Ferdinand.

"ESNOBADAS"

Fevereiro de 2010 - Chelsea 2x4 Manchester City
A imprensa descobre um caso de cunho sexual entre John Terry e Vanessa Perroncel, noiva de Wayne Bridge, ex-companheiro do zagueiro no Chelsea e à época jogador do City. Os dois ficam cara a cara pela primeira vez, em Stamford Bridge e o lateral-esquerdo ignora o ex-amigo. Em campo, os Citizens vencem bem fora de casa e quase atrapalham o título do rival.

Fevereiro de 2012 - Manchester United 2x1 Liverpool
No jogo de ida pela Premier League, Evra e Suárez trocam xingamentos e o francês diz que foi abusado racialmente. A Federação pune o uruguaio com oito jogos de suspensão. Na volta, os dois se reencontram e Evra tenta apertar a mão de Suárez. O atacante, ainda magoado, ignora o lateral, que tenta pegar a mão de seu "inimigo", sem sucesso.

Setembro de 2012 - QPR 0x0 Chelsea
Na última temporada, Ferdinand acusou Terry de racismo. Como havia vídeo da briga dos dois, o caso foi para a Justiça comum, mas o capitão do Chelsea foi absolvido. Mesmo assim, o zagueiro do QPR ignorou o cumprimento do ex-amigo. Ferdinand também esnobou Ashley Cole, que depôs em favor de Terry. Ji-Sung Park, capitão dos Rangers, foi outro a recusar um aperto de mão do zagueiro do Chelsea.

COM A PALAVRA

John Edwards, editor do "Daily Mail"

Não há razão lógica para se manter esse tipo de protocolo. A Premier League fica exposta a certos tipos de situações constrangedoras. A banalização desse tipo de comportamento pode levar, inclusive, a pequenos desentendimentos, que podem se transformar em algo maior durante o jogo.

No rúgbi, por exemplo, os jogadores passam por 80 minutos de punição física um ao outro e quando o jogo acaba, todos se cumprimentam. Não se aperta a mão antes de ir à batalha. É uma regra boba, que precisa acabar.


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